segunda-feira, 24 de junho de 2013

345. LINHA DOIS





chuva torrencial de paus de vedação
cai negrume na estação das mudanças

um pai natal dependurado por fios de aranha tecidos move-se
marioneta desaurida numa velha janela do que foi um armazém de locomotivas a vapor

dois trabalhadores com riscas de frio nos fatos de trabalho olham impávidos o alumínio da partida
a chaminé tortuosa de tijolo roído perscruta as carruagens-cadáver nos esqueletos dos carris mortos
melancolia das gentes-mala-de-viagem

é pois assim
a vida apita
silva
assobia
e a fome passa desavisada na linha dois
na dois 



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