sexta-feira, 14 de junho de 2013

30. SENHOR TU QUE ME HABITAS...





no amargo dia dos caminhos áridos
anémonas serpenteavam o cume da rosa branca
melancólica respiração opressa
no ar rarefeito da angústia

senhor 
tu que me habitas
consola-me

o lótus asperge luz no zimbro rasteiro da ânsia
tu és o som das nuvens a roçarem o ápice
o vento revolto nos caules da inquietude
a raiz enevoada da esperança

senhor
tu que me habitas
vence o meu inimigo

tu som sacramental do vazio
fonte do objecto disperso dos meus sentidos
a quem a razão dissemina no esquecimento da memória desmoronada
e a tormenta oculta no rigor da adversidade

senhor
tu que me habitas
vence-me a mim mesmo

as faces sedosas de tua bondade
teus longos dedos da benção invisível
a indiferença que é compaixão no lírio e no melro
faz de ti meu mestre de dor

senhor
tu que me habitas
alivia o meu jugo

uma vez que seja
abro as portas da mente
uma vez que seja perante ti me ajoelho
e rasgo meu rosto na sarça ardente

senhor
tu que me habitas


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