terça-feira, 18 de junho de 2013

195. A TRAIÇÃO NUNCA VEM DO MAR





fim de dia     
o sol brilha menos nas coisas mortas à beira-mar que mais brilham     
incandescentes debruçam-se nas margens do rio azul     um pássaro descansa no paredão   
um veleiro volteia insignificante     há comunicações no canal portuário     silêncio no jardim de azáleas      
as flores correspondem-se pelo aroma nascido nas subtis cristas brancas das ondas que se desfazem em lamentação nos limos das amarrações     
os homens comunicam pelo canal da mentira     
uma mulher vestida de lilás com pétalas nas pálpebras aguarda no som líquido da lira agonizante     
virá pergunta-se nos lábios cerrados     
no horizonte uma vela acesa de vento bonançoso     
será ele     não não o é 
a traição nunca vem do mar


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