terça-feira, 18 de junho de 2013

189. EM PETIZ TE ADOREI





recordo-me neste véu translúcido do tempo
que apenas em petiz te adorei 
com preces azuis ajoelhado aos pés hirtos das colunas de pedra 
e como te adorava 
e como sentia a alma plena a palpitar de vida a animar o templo das delícias e esperanças

hoje soletro os meus vícios caudalosos e os mais obscenos apetites 
sou o que sou e pelo que sou 
sou sem mais ser     nem um pouco mais nem um mais a menos 
vivo a viver 
assim devo ter nascido assim espero morrer

por vezes humano tão humano que me arrepia 
outras animal sem tino em caldeira fria 
sem destino sem razão sem outra vontade que não a de incendiar corpos

e se te voltar a adorar 
retomará o cálice diamantino a sua inocência primordial?


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