terça-feira, 18 de junho de 2013

170. A MORTE ESTAVA DIANTE DELE





a morte estava diante dele
oferecendo-se como ode das coisas antigas
das insónias imemoriais

batera-lhe à porta
desta vez encontrara-o
sem fé na recompensa de um outro mundo
como trevo florido na lua escura
e os dias a não contarem horas de sol

um canto suave atravessou a superfície do mar amarelo
violetas sangraram na neve
os restos frígidos das paredes caiadas de estopa
afundaram-se nas palavras da loucura 
um remo saudou as águas contra a corrente de frio mármore
as colunas dos palácios mortuários cederam ao peso dos arcos
e os portões reais abriram-se 
à voz da guilhotina

a morte batera-lhe à porta
enquanto o sol se punha  por detrás dele
lembrando seu próprio corpo
a repousar sob uma cruz verde
sem nome registado
dum mundo encerrado na concha vazia e inerte



Sem comentários:

Enviar um comentário