segunda-feira, 17 de junho de 2013

154. NUM LEITO DE MAR TE PENETRO





os anjos da clareira dormitam taciturnos sem que os sonhos os caustiquem
os anjos não sonham com édenes nem abominações e aos seus quartos não têm os amantes acesso

em nossos corpos não há tédio quando a nudez reflecte o anseio
nem no sangue vivo que rebrilha de inocência pecaminosa se acendem as luzes da cidade alagada por sémen putrefacto

lâmpadas que se incendeiam nas ruelas desvirginadas pela concupiscência da aurora
desfloradas pelos ébrios passageiros da noite

o último metropolitano apaga-se

o nevoeiro pousa delicado nas verdes varandas estéreis
corpos em velas vacilantes fanfarras dos portais da escuridão
pés feridos na respiração cortante imersa em azul azedume

num leito de mar te penetro


http://www.homeoesp.org/livros_online.html



Sem comentários:

Enviar um comentário