segunda-feira, 17 de junho de 2013

133. A PALAVRA MORTE





o vento chama-me ao rio
ao lodo das margens secretas
onde braço com ombro
te farei insondáveis 
confidências

no vaivém da maré o rio chama-me pelo nome

um mergulhador emerge
sem rumor
sem notícias do corpo calcinado entre pedras
enredadas por troncos imolados
cicatrizes negras de tempos
passados

nas margens com um só beijo
aprendera a palavra amor

o mergulhador foi-se
eu sorrio
a todas as alegrias
sonantes
que libertam a terra escura
dos seus algozes

há beijos semeados
em terreno fértil e seguro
como trigo nas searas
e sangue nos recém-nascidos

e há os mistérios
nos ramos dos salgueiros
assombros amorosos
chorados ao luar
de agosto

no rio na antiga ponte de pedra surda
aprendi numa vertigem a palavra morte


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