o vento chama-me ao rio
ao lodo das margens secretas
onde braço com ombro
te farei insondáveis
confidências
no vaivém da maré o rio chama-me pelo nome
um mergulhador emerge
sem rumor
sem notícias do corpo calcinado entre pedras
enredadas por troncos imolados
cicatrizes negras de tempos
passados
nas margens com um só beijo
aprendera a palavra amor
o mergulhador foi-se
eu sorrio
a todas as alegrias
sonantes
que libertam a terra escura
dos seus algozes
há beijos semeados
em terreno fértil e seguro
como trigo nas searas
e sangue nos recém-nascidos
e há os mistérios
nos ramos dos salgueiros
assombros amorosos
chorados ao luar
de agosto
no rio na antiga ponte de pedra surda
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